sexta-feira, 20 de março de 2015

Pelos meus filhos eu ( nao) viro uma leoa

Gente, ja ouvi essa frase muitas vezes: "pelos meus filhos eu viro uma leoa".
Sempre detestei e mais ainda quando isso vinha de mae de aluno.

Entendo que procuramos fazer o melhor pela nossa prole, mas sempre tive a impressao que essa frase carrega uma conotação muito maior.
O que eu entendo, é a ideia de que em detrimento dos direitos dos outros, de respeito, consideração, prudência, bom-senso, a mae sairá "devorando" a todos para proteger a cria.
Convenhamos, mesmo que o outro estiver errado, vale manter a calma, conversar, ser civilizado, argumentar e saber o porque dos fatos.

Pelo menos sempre foi assim meu dialogo com os pais. Entre um problema entre duas crianças, nunca pude tomar partido ( mesmo quando internamente queria) . Sempre tive que levar em consideração os dois lados da historia.
So para exemplificar, um aluno de 3 anos meu mordeu uma amiguinha 2x na bochecha em menos de 1 mês. Mordida de deixar por dias a marca dos dentes. Que dó! Eis que a mae surtou ( com razão!) com as professoras. Seguramos a barra e passei a monitorar o menino a todo segundo. Andava com ela grudado na minha mao o tempo todo, porque conversar não adiantava. Ironicamente, ele adorava a amiguinha, vivia tentando sentar perto dela. O menino tinha problemas em casa, pai alcoólatra e refletia seus problemas em forma de mordidas. Apesar de não ter nenhum problema fisico, ele não falava, so balbuciava as vezes alguma coisa e sempre soubemos que algo estava errado
Morria de dó do menino e da menina mordida tambem, mas dei gracas a Deus da mae da "vitima" nunca ter armado "barraco" com a outra mae. Imaginem se toda mae fosse do tipo "leoa".

Claro, nao estou dizendo que devemos deixar pra la coisas desse tipo e as crianças serem machucadas pelos outros. Eu mesmo fui perseguida por uma menina por quase 3 anos. Bullying na maior escala. Da terceira a quinta serie tinha medo de ir da escola. Alias, de sair dela, pois a menina me esperava quase todo dia para me bater. Nunca realmente bateu. Foram alguns empurrões e rodas comigo no meio e o resto da escola rindo de mim, mas o fato da minha mae nunca ter levado a serio minhas reclamações me fere ate hoje. Deixou uma marca e tanto.

Queria sim que minha mae tivesse dado uma de "leoa", mas se tivesse conversado feito um cordeiro com a mae da minha perseguidora, certeza que teria ajudado.

Minha reflexao é: quando sera que perdemos a razão? Quando é que deixamos os "bons costumes" de lado e atacamos o próximo?
Sera certo atacar para proteger nossos filhos tao amados e desejados?

Passei dias pensando nesse assunto, refletindo sobre o post do blog da Thais, sobre o menino que estava batendo na Be ( passem la para ler) e sobre situação semelhante que ocorreu no fim de semana passado.

Maridao e eu fomos num bazar de coisas usadas pra crianca. Sim! Adoro esses bazares que tem aqui. Varias coisas baratas e legais.
Depois de comprar alguns brinquedos, sentamos para comer bolo ( sempre vendem vários bolos e cafe) e a Elisa ficou no carrinho deitadinha, acordada e vendo o movimento. Um menino de aproximadamente 2 anos entra agarrando tudo que via pela frente e se aproxima do carrinho. A mae, ao lado dele. Ele agarra os brinquedos pendurado no carrinho e coloca a boca na bochecha da Elisa.
Ai, ai, ai! Pelo comportamento estranho do menino, pensei..." vai morder". A mae do menino ficou ao lado dizendo " cuidado...ah, um beijo....ta bom....devagar...". Meu marido e eu congelados, morrendo de medo. Eis que o menino gruda no rosto da Elisa com todas os dedos e unhas do universo. Ela comeca a gritar de dor e nos dois pulamos em cima para desgrudar o menino. A mae comeca a repreende-lo, eu tento acalentar a Elisa, enquanto o marido ja comeca a "meter a boca" na mae, que nao cuidou.
Eu repreendo o marido, pois acho que não foi culpa de ninguém. Simplesmente aconteceu e todos nós estávamos ao redor. 
Oh situação chata. A mae nem retrucou, nem nada. Carregou o menino pra fora e acho que foi embora.
Meu marido bravo comigo porque não deixei ele reclamar com a outra mae.
Me acusou de nao proteger e reclamou que a outra mae deixou o menino ir "longe demais", beijar, agarrar, etc. 
O que eu vi, foi ela tentando ensinar o menino a lidar com outras crianças. Tenho CERTEZA que o menino tinha problemas comportamentais. Percebi a partir do momento que ele entrou na sala. A mae certamente esta tentando "tratar" o problema e deve ter ficado sim chateada e frustrada com o ocorrido. 
Quase chorei. Pelo menino, pela mae, pelo rosto machucado da Elisa.  E por mim, que não sei se fiz certo ou se deveria ter sido um pouco mais "leoa".
Queria sim ter conversado com a mae, mas com calma, não naquele estresse todo. Acho tambem que ela poderia ter voltado e pedido desculpas, mas talvez tenha passado por isso tantas vezes, que esteja ja muito envergonhada. 
A verdade é que não sei onde esta o limite entre o certo e o errado. Em sala de aula, como professora, era mais fácil. Como mae, no mundo aqui fora, fico na duvida.
Que tipo de cidadao vai se tornar aquele menino? E que tipo de mae serei se não proteger minha filha a todo custo?


...bem vinda, maternidade!


Um comentário:

  1. Oi Blume!
    Engracado que fui lendo e me identificando....
    Veja: nas primeiras vezes, fui mais cordeiro. Hoje, não sei se ja sou leoa, mas guarda da coroa britanica com ctz. Fico de orelha em pe quando vejo o vizinho na escola.
    Difícil demais mediar isso. Também não quero que minha filha tenha os sentimentos que tenho da minha mae, que perdeu varias vezes a chance de me defender. Essa foi sua primeira vez. Haverão outras.
    Comigo também.
    Vamos tentar manter o equilibrio, sem devorar criancinhas e sem deixar nossas bebes lindas serem devoradas por ai. Diplink, minha amiga....

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